Museu Municipal Nestor de Sousa – Histórias Contadas
Imagem de Nossa Senhora da Conceição
Escultura barroca de Nossa Senhora da Conceição outrora pertencente à igreja paroquial de Nossa Senhora da Conceição, na Lomba da Fazenda. Quando a paróquia adquiriu uma nova imagem para colocar no altar, a antiga imagem deixou de ter utilidade e foi doada ao museu.
A Igreja de Nossa Senhora da Conceição situa-se junto à Estrada Regional, no lugar da Conceição, num adro elevado em relação ao caminho. A igreja teve origem numa antiga ermida edificada no início do século XVIII que, por se tornar pequena, foi ampliada em 1817. Posteriormente foi demolida quase por completo e ampliada em 1909.
Coroa do Espírito Santo
Coroa do Espírito Santo com o Ceptro, em prata, do século XIX.
O Culto do Espírito Santo, representado pela Pomba no topo de uma Coroa, ajudou a desenvolver o sentido de comunidade, partilha e devoção tão característico destas ilhas.
Um dos pontos altos das festas do Espírito Santo é a coroação das crianças durante a celebração da Eucaristia, ritual que se repete aos domingos durante as sete semanas após a Páscoa. No sétimo domingo do Pentecostes, dia em que o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, há uma grande festa.
O ensino primário no tempo do Estado Novo
Durante o período do Estado Novo (tempos de Ditadura em Portugal) as vivências nas escolas eram substancialmente diferentes das de hoje, não só porque o ensino era dominado pelo Estado – e os manuais escolares espelhavam os valores e ideologias do regime –, como pelos métodos de ensino empregues pelos professores.
As escolas eram separadas por sexos (rapazes de um lado e raparigas do outro), as carteiras dos alunos eram alinhadas e voltadas para um estrado elevado onde se situava a mesa do professor. Numa das paredes ficava exposta a fotografia do ditador (Oliveira Salazar) acompanhada do retrato do Presidente da República e de um crucifixo.
O objetivo principal era que as crianças aprendessem a ler, a escrever e a contar, criando-se um sistema educacional que fosse ao encontro dos interesses ideológicos do Estado e que seguisse as suas orientações nacionalistas e católicas.
Testemunhos contados na primeira pessoa retratam as vivências dessa época.
A vida doméstica no século XX
As vivências domésticas da primeira metade do século XX refletem um período da história em que o desenvolvimento tardava em chegar ao Nordeste. Muitas vezes apelidado de “Décima Ilha”, este pequeno território permaneceu quase esquecido e conservou, por isso, um conjunto sólido de tradições, hábitos e idiossincrasias que hoje em dia correm o risco de se perder…
A lida diária começava de manhã cedo com a ida “à fonte” para ir buscar a água que se usava para lavar e cozinhar. A água era transportada em “talhas” de barro e armazenada em grandes recipientes de barro (“talhão”) de onde era retirada com recurso a um pequeno “púcaro” também de barro.
As memórias de quem viveu nesses tempos difíceis e pouco abastados transportam-nos para momentos de comoção e, ao mesmo tempo, de melhor compreensão sobre a génese do povo Nordestense.
A profissão de sapateiro no Nordeste
A profissão de sapateiro, durante mais de 500 anos, teve uma grande relevância no Nordeste pois, até há pouco tempo, os sapatos eram feitos à mão, por encomenda, e “à medida do freguês”.
A principal matéria-prima era o couro, usada para confecionar ou para remendar os sapatos e as botas. As solas eram feitas em madeira, como ainda se vê nos tradicionais chinelos usados nos trajes dos grupos folclóricos.
A oficina centrava-se numa bancada de trabalho, onde ficavam dispostas as mais diversas ferramentas. O trabalho requeria muita perícia e exigia que o sapateiro dominasse bem as técnicas que eram transmitidas de geração em geração.
As experiências contadas por um antigo sapateiro permitem-nos viajar no tempo e recordar os tempos em que os sapatos não eram apenas “usados para deitar fora”.
Fiação e tecelagem doméstica
Até há poucos anos atrás, a fiação e a tecelagem foram atividades com uma importância fundamental para as pequenas comunidades insulares – como é o caso do Nordeste –, uma vez que o isolamento lhes impedia o acesso a produtos produzidos industrialmente.
Os saberes passados de geração em geração chegaram até aos dias de hoje por mãos de hábeis fiadeiras e tecedeiras, que transformam o linho e a lã em verdadeiras obras de arte, mas estas tradições ancestrais correm o risco de se perder consoante a atividade vai sendo abandonada.
Até chegarmos ao ponto de ter uma manta de lã executada, o processo é longo e complexo. Desde a tosquia das ovelhas, à lavagem e preparação da lã para cardar e fiar; a montagem da teia e a preparação do tear; a tecelagem propriamente dita e os acabamentos!
A documentação desses processos permite-nos preservar para o futuro estes saberes que estão em risco de ficar esquecidos…