Centenário do nascimento de Maria Mendonça
MARIA MENDONÇA (1916-1997)
Notável jornalista e escritora que desenvolveu múltiplas iniciativas com personalidades de renome e desafiadoras para o regime político da altura. A sua criatividade pioneira deixou marcas em vários projetos culturais da Madeira apesar do controlo da censura.
1- Maria da Trindade de Mendonça, natural de Nordeste, Açores, nasceu a 16 de Fevereiro de 1916. Era filha de Maria Raposo e de Manuel Franco de Mendonça e viveu a maior parte da sua vida no Funchal. Começou a escrever para os jornais aos 16 anos de idade e foi correspondente de vários jornais portugueses.
Como chefe de redação e depois como diretora, foi notável a sua passagem pelo jornal Eco do Funchal, desde 1951. De periodicidade semanal e Maria de Mendonça mudou-o para tri-semanário e introduziu-lhe várias secções, sobretudo culturais e recreativas, em especial «Cultura & Recreio» e «A Canoa», organizada por Maria do Carmo Rodrigues.
A jornalista Maria Mendonça foi ainda diretora e proprietária do jornal satírico da Madeira, o ” Re-Nhau-Nhau, (1929-1977). Durante 48 anos e em ambiente de apertada censura, este jornal chamou a atenção para inúmeras situações, quer ridículas quer penosas e que só assim poderiam expor-se e motivar alguma reação.
Fundadora da primeira “Casa Editora do Arquipélago da Madeira”, aí publicou obras valiosas como “Arquipélago da Madeira – Maravilha Atlântica”, da autoria de Maria Lamas; “Musa Insular”, de Luís Marino; “Falares da Ilha”; “Sé do Funchal”; e a colecção de livros infantis “A Canoa”.
Foi uma mulher dos “sete ofícios”, tendo-se também destacado na realização de encontros literários, tertúlias, principalmente no Pátio, à Rua da Carreira, com a presença de Maria Lamas e Etelvina Lopes de Almeida, entre outras personalidades de renome e desafiadoras para o regime político da altura, causando o desagrado da censura e da pide.
Organizou conferências e palestras de variada temática, e dinamizou exposições com artistas plásticos madeirenses, na Madeira e nos Açores. No continente português foi a primeira pessoa a apresentar obras de autores insulares na Feira do Livro de Lisboa, nos anos de 1954 e 1955.
Fundou o Centro Açoriano do Funchal, a Associação Jornalística Tertúlia Sem Título, Jornalistas da Madeira e a primeira Casa Editora do Arquipélago da Madeira. Ocupou cargos de responsabilidade na Inspecção Regional de Espectáculos e de Presidente da Assembleia Geral da Associação de Amizade ” Madeira- Açores”.Fundou ainda uma agência de publicidade.
Nos últimos anos da sua vida trabalhou na Direcção Regional dos Assuntos Culturais dos Açores.
Neste ano de 2016 assinala-se o centenário de nascimento de Maria (da Trindade de) Mendonça.
2 – Obras principais:
A Madeira Vista por Intelectuais e Artistas Portugueses, (1954);
Férias nos Açores, (s/d);
Presença Madeirense no Brasil, (1958);
Grupo Folclórico de S. Miguel, (1958),
Guia Turístico: Isto É a Madeira, (1960);
A Personalidade Multifacetada do Jornalista Manuel Inácio de Melo, (1984);
Os Açores através da Saudade, (1991).
Revista turística “Semana da Madeira”, em colaboração com Aragão Correia, Carlos Lélis e Aníbal Trindade
3 – Bibliografia :
“Eu, Maria, me confesso”, D.L. autobiografia publicada pela sua família em 2001.
“Açores, Madeira e Nordeste – O Percurso de Maria Mendonça / Jornalista e Escritora” de Ana Isabel Sousa. 2006
In: https://ruascomhistoria.wordpress.com/…/maria-mendonca-jor…/; http://funchalnoticias.net/…/no-centenario-de-maria-mendon…/;http://roinesxxi.blogs.sapo.pt/memoria-de-maria-mendonca-11…;
Fonte: “Dicionário de Mulheres Célebres”, (de Américo Lopes de Oliveira, Lello & Irmão Editores, Edição de 1981, Pág. 891)
