Homenagem a Dinis da Luz
Município e junta de freguesia homenageiam Dinis da Luz no 1º centenário do seu nascimento
No 1º centenário do nascimento de Dinis da Luz, a 8 de setembro, a Câmara do Nordeste e a Junta de Freguesia de São Pedro do Nordestinho prestaram uma homenagem ao ilustre nordestense, com o descerramento de uma placa comemorativa do aniversário, junto ao busto de Dinis da Luz, que se encontra no Jardim Público de São Pedro.
O presidente do município, Carlos Mendonça, e um dos sobrinhos netos de Dinis da Luz procederam ao descerramento da placa alusiva à efeméride e à deposição de uma coroa de flores.
A homenagem prestada pelo município do Nordeste e pela Junta de Freguesia de São Pedro do Nordestinho contou também com a celebração de uma missa na Igreja de São Pedro, durante a qual foi feita uma pequena exposição sobre a vida e obra de Dinis da Luz, pelo vice-presidente da Câmara do Nordeste, Milton Mendonça.
A missa foi presidida pelo Pe. Cipriano Pacheco, natural daquela freguesia, coadjuvado por outros padres do concelho, entre eles, o Pe. Leonardo, pároco daquela paróquia.
Na homília, o Pe. Cipriano Pacheco fez também referência à vida e obra de Dinis da luz, sublevando a sua intervenção social.
A personalidade multifacetada de Dinis da Luz
Dinis da Luz de Medeiros nasceu a 8 de Setembro de 1915, em São Pedro Nordestinho e aí faleceu a 20 de Dezembro de 1987. Desde muito cedo revelou gosto pelas letras. Cresceu em ambiente familiar de intensa religiosidade, mostrando tendência para a vida sacerdotal, o que o levou a optar pelo Seminário de Angra.
Desde muito novo, colaborou no Jornal de Ponta Delgada, bem como no Diário Diocesano Angrense. Entre 1940 e 1970, exerceu o cargo de redator e diretor da secção católica do Jornal «A Voz». Foi Dinis da Luz quem introduziu na imprensa católica portuguesa um maior interesse pela vida religiosa internacional.
Por combater o nazismo foi classificado de «Sacerdote Estalínico» numa folha pseudo-clandestina. Pela sua ação na Segunda Guerra Mundial foi galardoado com a medalha da Liberdade do rei Jorge VI de Inglaterra e recebeu o grau de oficial da Ordem de Leopoldo II da Bélgica, países que visitou a convite dos respetivos governos.
Foi durante longos anos o grande defensor da Igreja do Silêncio nos países comunistas.
No seu círculo de amigos, figuravam nomes como Ferreira de Castro, Vitorino Nemésio (considerava-o um dos Cireneus que lhe ajudavam «a levar a cruz das letras»), Monsenhor Moreira das Neves, Júlio Dantas, Augusto de Castro, Jorge de Sena, Afonso Lopes Vieira, Luís Forjaz Trigueiros, Nuno de Montemor, Artur Portela, Dutra Faria, Cortes-Rodrigues, San-Bento, José Bruno, Manuel Resende Carreiro, Manuel Ferreira, entre outros.
Dinis da Luz publicou uma pluralidade de poemas e de contos, os quais estão capitulados em obras como “Ponta da Madrugada – Poemas”; “Sena Freitas (Em Perspetivas da Literatura Portuguesa no séc. XIX)”; “De Deus e do Homem – Blaise Pascal (Seleção, Versão, notas e prefácio)”; Jornais e Jornalistas Modernos – Ensaios, Separata da Revista Estudos de Coimbra”; “Grandeza e Miséria – Episódios e fator da vida dos Grandes Homens – Ensaios”; “Destino no Mar – Contos”; “Asas de Natal – Poemas”; “Coisas da Censura (Um Artigo para «Inquietar» Toda a Gente)”; A Sereia Canta nos Portos – Contos”; “Antes de Vir a Noite – Poemas” e “Vitorino Nemésio: Apontamentos para um poema”.
Restaram duas obras por publicar: “Ilhas Perdidas – Poemas” e “Quando se Muda de Século de Dez em Dez Anos”.
Preservar o cidadão e a sua obra
Após a morte deste distinto nordestense, em 1987, o município e a autarquia de São Pedro do Nordestinho têm tido ações no sentido da preservação da memória do cidadão Dinis da luz e da sua obra, através da criação de um prémio literário, assim como da preservação da casa onde viveu o escritor, em São Pedro do Nordestinho, e que se encontra aberta para visitas, ou ainda com a atribuição do seu nome a uma das ruas da freguesia (precisamente a rua onde se mantém a casa de família), ou da elevação de um busto no Jardim Público local, onde agora foi acrescentada uma placa comemorativa do 1º centenário do seu nascimento.